Em uma decisão que gerou intenso debate, a Câmara Municipal de Ribeirão Preto colocou em pauta a votação para conceder o título de “Cidadão Ribeirãopretano” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, apenas um dia após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciá-lo por tentativa de golpe de Estado. A denúncia, apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusa Bolsonaro de liderar uma organização criminosa que planejou ações para subverter a ordem democrática, incluindo planos para envenenar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e assassinar o ministro do STF Alexandre de Moraes.
A sessão na Câmara foi marcada por um clima tenso, com a presença maciça de apoiadores de Bolsonaro de um lado e cidadãos contrários à homenagem do outro, muitos dos quais clamavam pela prisão do ex-presidente. O projeto de concessão do título foi desarquivado por iniciativa do presidente da Casa, vereador Isaac Antunes (PL), e aprovado em plenário no mesmo dia em que a denúncia da PGR foi divulgada.
Durante a votação, destacaram-se as posições contrárias das vereadoras Duda Hidalgo, Judeti Zilli e Perla, todas do PT, além do vereador Danilo Schioti, do MDB. Esses parlamentares foram os únicos a votar contra a concessão da honraria a Bolsonaro. Os demais vereadores presentes votaram a favor, com exceção de Maurício Gasparini, que não compareceu à sessão.
A denúncia da PGR detalha que Bolsonaro e outros 33 indivíduos, incluindo altos oficiais militares e ex-ministros, participaram de uma trama denominada “Punhal Verde e Amarelo”. O objetivo era impedir a posse de Lula após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, utilizando métodos que incluíam o envenenamento de Lula e o assassinato de autoridades judiciais.
A decisão de homenagear Bolsonaro em meio a acusações tão graves levanta questionamentos sobre o compromisso da Câmara Municipal de Ribeirão Preto com os princípios democráticos e o respeito às instituições. Conceder tal honraria a alguém acusado de atentar contra a democracia pode ser interpretado como um desrespeito às vítimas dos atos antidemocráticos e uma afronta ao Estado de Direito.
A sociedade ribeirão-pretana, assim como o país, enfrenta um momento crucial de reflexão sobre os valores que devem nortear nossas instituições e representantes. É imperativo que as ações dos legisladores estejam alinhadas com a defesa intransigente da democracia e dos direitos fundamentais, evitando legitimar práticas que ameaçam a ordem constitucional e a justiça social.
A votação deste título honorífico, em um contexto tão conturbado, evidencia a necessidade de uma análise profunda sobre os rumos políticos locais e nacionais, reforçando a importância de uma atuação parlamentar comprometida com a ética, a transparência e o respeito aos valores democráticos.
