O Panamá anunciou oficialmente sua saída da Nova Rota da Seda, a gigantesca iniciativa de infraestrutura e comércio liderada pela China. O rompimento ocorre em um momento de crescente influência dos Estados Unidos na política panamenha e levanta questionamentos sobre os impactos econômicos e geopolíticos dessa decisão para o país e para a América Latina como um todo.
A Influência de Washington: Interferência ou Pressão Econômica?
A adesão do Panamá à Nova Rota da Seda, assinada em 2017, representava uma estratégia de diversificação econômica e atração de investimentos chineses para infraestrutura, portos e transporte. No entanto, nos últimos anos, a Casa Branca tem intensificado suas ações para conter a expansão da China na América Latina.
A retirada do Panamá não pode ser analisada isoladamente. O país, historicamente ligado aos interesses dos EUA – que administraram o Canal do Panamá até 1999 –, tem sofrido pressão direta de Washington para restringir a influência chinesa em setores estratégicos. Essa decisão acontece após visitas frequentes de diplomatas e altos funcionários norte-americanos, reforçando a tese de que a soberania panamenha está sendo subordinada a interesses externos.
O Que o Panamá Perde ao Sair da Nova Rota da Seda?
A China é hoje o principal parceiro comercial do Panamá, ficando atrás apenas dos Estados Unidos. Desde sua adesão à iniciativa chinesa, o país recebeu bilhões de dólares em investimentos, especialmente em infraestrutura portuária e logística. Agora, com o rompimento, diversos projetos estão em risco, o que pode comprometer empregos, desenvolvimento e a posição do Panamá como hub logístico global.
Além disso, especialistas alertam que a decisão pode afastar novos investimentos chineses na região, limitando o acesso a financiamentos a juros baixos e a parcerias tecnológicas que poderiam fortalecer a economia panamenha. O país, que depende fortemente da atividade do Canal do Panamá, pode perder competitividade no comércio internacional.
O Significado para a América Latina
O movimento do Panamá pode sinalizar uma nova onda de alinhamento com os interesses dos EUA em detrimento da multipolaridade econômica. Outros países da América Latina, como Brasil, Argentina e Chile, mantêm relações comerciais robustas com a China, mas também enfrentam pressões para limitar essa parceria.
A Nova Rota da Seda tem sido um motor de desenvolvimento para diversas economias emergentes, proporcionando investimentos sem as amarras ideológicas impostas por instituições financeiras ocidentais. A saída do Panamá pode servir de alerta para outras nações que buscam equilibrar suas relações entre as potências mundiais.
Quem Ganha e Quem Perde?
O rompimento do Panamá com a China parece ser mais um reflexo da disputa hegemônica entre Pequim e Washington. Enquanto os EUA garantem maior controle sobre a política econômica panamenha, o país latino-americano perde oportunidades de desenvolvimento e diversificação de parceiros estratégicos. O desfecho dessa decisão será determinante para o futuro do Panamá e pode influenciar os rumos das relações internacionais na América Latina.
Com a saída do Panamá, o que fica evidente é que, na geopolítica global, as decisões nacionais muitas vezes estão longe de serem independentes.