A Faixa de Gaza enfrenta uma das piores crises de sua história recente, com 1,7 milhão de pessoas deslocadas internamente devido aos conflitos em curso, segundo dados da ONU. Famílias inteiras vivem em condições precárias, enfrentando falta de água, comida, atendimento médico e energia elétrica, enquanto tentam reconstruir suas vidas em meio aos escombros.
“Voltar para casa é como pisar em um cemitério a céu aberto. Perdi meu filho durante os ataques, e agora vejo apenas ruínas onde antes estava nosso lar. Não sei como vou recomeçar, mas não posso desistir pelos meus outros filhos.” — Amira Al-Qassam, mãe palestina.
Escassez de Água e Alimentos
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 97% da água em Gaza não é própria para consumo humano, forçando os moradores a recorrer a fontes contaminadas ou a depender de água engarrafada, cuja distribuição é limitada. A destruição de sistemas de saneamento e abastecimento aumentou o risco de surtos de doenças como cólera e diarreia, especialmente entre crianças.
A escassez de alimentos também é alarmante. Relatórios do Programa Mundial de Alimentos (PMA) indicam que mais de 80% da população depende de ajuda humanitária para se alimentar. O aumento dos preços e a destruição de mercados e estoques dificultam ainda mais o acesso a itens básicos, agravando a insegurança alimentar.
Colapso do Sistema de Saúde
O sistema de saúde de Gaza está em colapso, conforme alerta a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). Hospitais e clínicas enfrentam superlotação e operam com recursos mínimos devido à falta de medicamentos e ao corte de energia. A destruição de instalações médicas e a escassez de combustível para geradores resultaram na interrupção de tratamentos essenciais, como hemodiálise e cuidados intensivos para recém-nascidos.
Deslocamento em Massa e Dificuldades no Retorno
Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), mais de 1,7 milhão de pessoas foram deslocadas, a maioria vivendo em abrigos improvisados, como escolas e instalações públicas. Muitos deslocados estão expostos às intempéries, sem acesso a saneamento básico ou assistência adequada.
Para aqueles que tentam retornar, o cenário é desolador. Bairros inteiros foram reduzidos a escombros, dificultando a identificação de antigas residências. A infraestrutura de transporte foi amplamente destruída, tornando o deslocamento ainda mais difícil e perigoso.
Colapso Energético e Impacto em Serviços Essenciais
A crise energética em Gaza é uma das mais severas já registradas. De acordo com o Conselho Norueguês para Refugiados (NRC), ataques a instalações elétricas deixaram a maior parte do território sem eletricidade, limitando o funcionamento de hospitais, escolas e sistemas de água. A falta de energia afeta diretamente a distribuição de água potável, já que bombas elétricas estão fora de operação, e compromete os serviços de comunicação.
Resiliência e Chamado Internacional
Apesar do cenário devastador, a população de Gaza continua resistindo. Redes de solidariedade local e apoio humanitário internacional tentam minimizar os danos, mas a escala da crise exige uma mobilização global. A ONU e organizações humanitárias têm reforçado o apelo por cessar-fogo duradouro, auxílio emergencial e esforços diplomáticos que garantam a reconstrução do território e a dignidade das famílias afetadas.
A crise em Gaza é um apelo urgente à ação internacional. Sem intervenções rápidas e eficazes, milhões de pessoas continuarão a sofrer as consequências de uma catástrofe humanitária que já ultrapassou todos os limites aceitáveis.
Fontes:
- Organização Mundial da Saúde (OMS)
- Programa Mundial de Alimentos (PMA)
- Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA)
- Médicos Sem Fronteiras (MSF)
- Conselho Norueguês para Refugiados (NRC)